Em tempos de redes sociais, estamos nos acostumando a fenômenos virais. São aqueles assuntos ou coisas que atingem um alto grau de circulação na internet, alcançando grande popularidade. De acordo com o Wikipedia, um assunto se torna viral quando seu conteúdo induz à replicação, resultando que muitas cópias são produzidas ou espalhadas, tornando-se até mesmo difícil de controlar. Este fenômeno não é novo. E a história já nos ensina que não há nada de novo debaixo do sol.
Cinco séculos antes do Facebook a mídia social fomentou o movimento da Reforma. É o que afirma um artigo da revista The Economist de dezembro/2011, concluindo que as mídias sociais hoje não apenas nos conectam uns aos outros: elas também nos ligam ao passado. O fato é que um ‘post’ de Lutero na porta da igreja de Wittenberg em 31.10.1517 deflagrou uma reação sem precedentes, de forma que dentro de 4 semanas quase toda a cristandade estava familiarizada com a mensagem. Assim como acontece com ‘likes’ e ‘retweets’ hoje, o número de reimpressões também era um indicador da popularidade de um determinado item. E os panfletos de Lutero eram os mais procurados, a ponto de serem proibidos de publicar. Mas já era tarde demais, pois os ‘posts’ de Lutero já tinham ultrapassado as fronteiras da Alemanha e estavam fora de controle. Para usar a linguagem moderna, a mensagem de Lutero tinha se tornado viral.
Olhando apenas desse viés, diríamos que Lutero foi agraciado com uma mídia social que tornaram seus ‘posts’ virais, rendendo-lhe milhares de ‘followers’ em questão de semanas. Mas quando olhamos para o outro lado, o lado onde Deus está no controle dos acontecimentos e cuja palavra não volta vazia sem fazer o que lhe agrada (Is 55.11), enxergamos a obra do Espírito Santo em todos estes eventos e circunstâncias. Afinal aquelas mensagens de Lutero só se tornaram virais porque continham algo de muito valoroso e descortinava uma novidade que fora oculta em meio às mazelas da igreja e sociedade da época.
No século XVI o povo tinha muitas dificuldades para ganhar a liberdade da culpa que só podia ser remida através de orações, jejuns, peregrinações e indulgências. Ainda hoje muitas pessoas pensem que dependem de frequência à igreja, contribuições financeiras, trabalho na igreja e atos de caridade para se sentiram aceitáveis diante de Deus.
Por isso, no mês da Reforma celebramos o dom gracioso de Deus para com a sua igreja, através de seu servo Lutero que nos lembrou da nossa liberdade da Lei por meio do Evangelho de Jesus Cristo. Lutero e seus colegas entenderam a partir das Escrituras que se nós pecadores tivéssemos de ganhar a salvação por nossos próprios méritos e boas obras, estaríamos perdidos e completamente sem esperança. Mas, pela obra do Espírito Santo, os reformadores também redescobriram o evangelho: a maravilhosa notícia de que Jesus Cristo viveu, morreu e ressuscitou para nos redimir e justificar, nos dar vida em abundância.
Com alegria aceitamos isso: o Filho me faz livre! Jesus Cristo tomou sobre si a escravidão da Lei e morreu para pagar os pecados do mundo. Deus declara o mundo justo por causa de Jesus. “Se o Filho os libertar, vocês serão, de fato, livres” (Jo 8.36). Quando Lutero descobriu esta liberdade através da fé em Cristo, ele escreveu que os portões do paraíso se abriram para ele. Estão abertos também para nós. Por isso, alegremo-nos com o nosso movimento da escravidão para a liberdade. Alegremo-nos em poder viver de fato essa liberdade. Oremos para que Deus nos mantenha fiéis ao verdadeiro evangelho e ajude-nos a proclamá-lo com alegria e torna-lo viral num mundo tão carente do amor de Jesus.
Josemar Alves
Seminarista da Igreja Luterana
Estagiário na Comunidade Bom Pastor (Lapa, São Paulo/SP)
Mensagem publicada no Informativo Bom Pastor (Outubro/2012)
terça-feira, 30 de outubro de 2012
VERDADEIRAMENTE LIVRES: UMA MENSAGEM QUE SE TORNOU VIRAL
Mensagem Reforma IELB
Dia 31 de outubro festejamos os 495 anos da Reforma, desde que Martinho Lutero, num ato de coragem, convicção e defesa da verdade das Sagradas Escrituras, fixou 95 teses na porta da igreja de Wittenberg, na Alemanha. Começava ali uma luta na defesa de três pilares básicos de nossa confissão e fé: Somente a Graça; Somente a Fé e Somente a Escritura.
Lutero defendia, à luz da Palavra de Deus, de que a salvação eterna é graça, é presente de Deus, que vem a nós, somente pela fé em Cristo Jesus e essa verdade, nos é colocada e determinada, somente pela Escritura, que é a clara e pura Palavra de Deus. Por essa verdade ele lutou. Nessa certeza ele viveu e se dispôs até a morrer, confessando: “Se vierem roubar os bens, vida e o lar, que tudo se vá, proveito não lhes dá. O céu é nossa herança.” (Hinário Luterano, nº 165).
Quando lembramos essa data, louvamos e agradecemos a Deus pela coragem, firmeza, determinação e fidelidade deste servo de Deus, chamado Martinho Lutero. Por outro lado, numa sociedade em transformação, num mundo de constantes mudanças, onde valores éticos, morais, princípios cristãos, são ignorados, pisoteados e deixados de lado, é preciso olhar para o exemplo de homens como Lutero, para,também, firmados na Bíblia, a Palavra de Deus, hastearmos pendões (Sl 20.5), confessarmos essa fé e não nos deixarmos envolver por ameaças, críticas e vãs filosofias desse mundo (Cl 2.8 e 1 Tm 6.20).
Deus nos proteja, defenda e dê sabedoria para permanecermos firmes na fé e nas Confissões da nossa Igreja. Nas Confissões, conforme encontramos no Livro de Concórdia de 1580, não por serem essas igual ou maior do que a Bíblia Sagrada, mas por termos absoluta convicção que elas estão fundamentadas, baseadas e firmadas na Palavra de Deus. Que assim possamos permanecer firmes e defender com convicção, não o que Lutero disse, mas o que a Bíblia diz, e pela qual Lutero batalhou e lutou até o fim.
Continuamos defendendo que somos salvos Somente pela Graça de Deus. Esse presente vem a nós, Somente Pela Fé, e temos essa certeza, porque a Bíblia e Somente Ela nos afirma e mostra isso.
Pastor Egon Kopereck
Presidente da IELB
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
PÉROLAS
Vez por outra a gente recebe, por e-mail, algumas das chamadas “pérolas” das provas do ENEM. Tudo muito engraçado, como por exemplo: “O problema ainda é maior em se tratando da camada Diozanio” (eu nem sabia que a camada tinha esse outro nome...) ou “O grande problema do Rio Amazonas é a pesca dos peixes” (ou será a pesca dos pássaros?) ou ainda “são formados pelas bacias esferográficas” (será que as fábricas de canetas tornaram-se complexos hidrográficos?). Mesmo engraçadas, sempre tenho minhas dúvidas se estas pérolas são mesmo verdadeiras, ou se foram inventadas para divertir.
Hoje uso este espaço para repartir com você, querido leitor, algumas das pérolas que ouvi numa palestra que assisti. Estive na cidade de Ponta Grossa para um Concílio de Pastores e a última palestra esteve a cargo de um pastor e professor que guardo com carinho e admiração. No alto dos seus quase 80 anos e com mais de cinco décadas no ministério pastoral, este querido pregador (doutor em Teologia, mas autodenominado apenas “pastor Leopoldo”) é um homem já bastante consumido por problemas de saúde, mas revigorado em sua fé nas promessas de Deus. Eis algumas das pérolas que ele compartilhou conosco, com base nas anotações feitas:
“Deus, às vezes, é legal. Quer dizer, Ele sempre é legal. Mas, às vezes, também é exótico. Eu jamais poderia imaginar que minha última tarefa pública no ministério pastoral seria exatamente na cidade onde iniciei meu ministério. (e tirando os sapatos, declarou:) Tiro meus sapatos porque estou em terra santa, uma terra que o Senhor me concedeu para anunciar corajosa e destemidamente o seu evangelho”.
“Além dos quatro pontos cardeais, existe um quinto: o lugar onde estamos. Precisamos saber o momento que vivemos e as pessoas com as quais convivemos. Se a igreja não souber ler e entender o seu contexto vivencial, sua mensagem pode acabar sem sentido”.
“Muitas vezes, dentro da igreja, vivi momentos de censura, repressão... Alguns pensaram até que eu fosse um herege. Outras vezes eu mesmo censurei. Mas uma verdade permanece: eu amo a minha igreja e vou morrer nela, porque ela me anuncia a coisa mais maravilhosa que existe: que Cristo me perdoou e salvou, por pura graça”.
“Vocês acreditam em milagres? Se vocês não acreditam, não podem ser pastores nem visitar enfermos no hospital. Meu filho Martim esteve morto, de acordo com o laudo médico, mas meu outro filho o viu suspirar. Ele viveu mais 12 anos e foi professor e diretor de escola. Até que chegou a hora em que Deus me disse: “Leopoldo, doze anos está de bom tamanho, não? Pois bem... Agora vou trazê-lo para junto de mim”. E Martim partiu para encontrar-se com o Senhor”.
E terminou assim: “Certa vez, visitei o Museu do Ouro, em Bogotá, na Colômbia. Ao ir para um andar superior, saímos do elevador e chegamos à sala, quando uma combinação de luzes e sons nos surpreendeu tanto que a única reação foi um espantoso: “Oh!” Era tudo tão lindo, que faltou palavras. Queridos, quando Jesus nos chamar e nos abrir a porta celeste, por sua maravilhosa graça, penso que esta também será a nossa reação: “Oh!” Muito obrigado!”
Essas pérolas não são engraçadas. Mas, graças a Deus, são verdade.
(p. Júlio Jandt)